Instituído por lei em 2017, 24 de junho é o “Dia Nacional do Policial Militar”. A data homenageia os policiais militares brasileiros.
Para marcar esse dia, entrevistamos o Coronel Guto Ambar. Ele trabalhou 30 anos na Policia Militar de São Paulo. A maior parte de sua carreira foi na área operacional, com policiamento nas ruas, lidando diretamente com a prevenção de crimes. Ele integrou as unidades de choque, com destaque para o Batalhão de Operações Especiais (BOPE) de São Paulo. Também fez parte do 7º Batalhão, responsável pela área central da capital
Atualmente o Cel. Ambar faz trabalhos de divulgação da polícia, como o livro comemorativo que marca os 200 anos da Polícia Militar de São Paulo. Em entrevista à revista da APECC, ele fala sobre a segurança pública na cidade de São Paulo e das possíveis soluções para problemas conhecidos da região central.
APECC: Como o senhor vê a questão da segurança pública no centro de São Paulo?
Tenho bastante experiência na prevenção da criminalidade e algumas coisas são básicas, requerendo um número adequado de pessoal e equipamento.
Embora eu não esteja mais na ativa, acompanho muito o que vem sendo feito, pelos outros trabalhos que faço e estão relacionados com a ação da Polícia Militar. Acredito que já é possível perceber mudanças na área da segurança pública na cidade. Existem relatórios mostrando uma queda nos últimos anos no número de roubos, por exemplo.
Claro, é preciso levar em conta que o centro tem uma população flutuante muito grande. Além da população que mora ali existe uma grande quantidade de pessoas que passam pela região para compras.
Então esse fluxo demanda algumas coisas específicas, que não são necessárias nos bairros residenciais, por exemplo.
APECC: Quais seriam essas demandas e como elas estão sendo atendidas?
Considerando que o número de pessoas é muito maior que nos bairros, o centro precisa de um número efetivo de policiais nas ruas. Quem visita a região vê que isso já está sendo feito.
Outros aspecto a se destacar são as parcerias. Por exemplo, acompanho muito o trabalho do Conseg 25 de Março e Sé. Os Consegs (Conselhos Comunitários de Segurança) fazem um trabalho muito importante, servindo como uma “ponte” com instituições públicas, como a prefeitura, diferentes autoridades, bem como as forças de segurança, como as polícias civil e militar, além da Guarda Civil Metropolitana.
A APECC faz toda a diferença, gerando uma aproximação com os lojistas e com o comércio em geral. Como uma associação atuante, dialoga com os órgãos de segurança, fazendo essa articulação constante. Isso traz grandes benefícios, pois identificar as demandas do comércio nessa área ajuda a polícia a ter um conhecimento mais preciso e o que pode ser feito para melhorar.
APECC: Quais ações podem ser identificadas para melhoria da segurança na região central de São Paulo?
A questão da iluminação é fundamental. Sabemos que quanto mais iluminação, mais segurança, pois um ambiente escuro fica mais propício para que os marginais possam agir.
Isso está ligado à zeladoria, que é responsabilidade da prefeitura, mas também deve ser acompanhado pela sociedade civil. Olhe para a revitalização da Praça da Sé, onde houve uma ação muito importante, mesmo que pareça simples. Naquela região foram melhorados milhares de pontos de iluminação, com troca das lâmpadas por modelos de LED, com durabilidade maior.
Claro, ainda há necessidade de melhorias pontuais, mas quem trabalha com segurança sabe dessa relação. Com uma iluminação melhor, os resultados logo vão aparecer, os índices de criminalidade vão cair. Tivemos também a Operação Impacto, que está sendo direcionada para a região central de São Paulo. Ela deve ter resultados na diminuição de roubos de celular e pequenos furtos.
APECC: O senhor falou da necessidade de participação de todos. Que ações práticas a sociedade pode tomar para contribuir?
Primeiramente, vale lembrar que existem problemas específicos no centro que muitas vezes não são registrados em delegacias. Isso dificulta o planejamento de ações preventivas, pois as forças policiais não tem um “raio-X” completo para ver quais pontos merecem mais atenção.
É muito importante a população comunicar as autoridades de contrafeitos ao fazer o registro de Boletim de Ocorrência (B.O.) numa delegacia ou o Boletim Eletrônico de Ocorrência (B.E.O) na delegacia virtual https://www.delegaciaeletronica.policiacivil.sp.gov.br.
Outro exemplo nítido é a questão da zeladoria. Do lado de fora de uma estação de metrô muitas vezes está tudo sujo, quebrado, mal cuidado. Quando uma pessoa vê o ambiente nessas condições, automaticamente não se importa de sujar.
Isso muda quando ela entra na estação e vê uma fila organizada e as condições de limpeza do local. Tudo remete a uma ordem e ela ficará inibida de jogar qualquer coisa no chão, porque vai procurar manter o que encontrou.
Acredito que, se trouxéssemos esse tipo de zelo, de preocupação, para o lado de fora, ajudaria muito na revitalização de todo o centro. Afinal, evitar de sujar é mais fácil que ter de limpar depois. Se todos entenderem isso, vamos ter um bom resultado, com certeza.